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Marco Antonio Perna é analista de sistemas e pesquisador, com mestrado em sistemas e computação. Desde 1997 pesquisa a dança de salão sendo o criador do portal Agenda da Dança de Salão Brasileira que no final do século 20 uniu os dançarinos brasileiros pela internet. É autor do livro "Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira", do livro "Dança de Salão Personagens e Fatos" e já escreveu artigos e textos de danca de salão para os Correios e para jornais de dança como: Dança e Saúde, jornal Dance, Dance News e Falando de Dança. Também escreveu artigo para o livro da coleção "As Melhores Dicas da Dança de Salão", da editora Delprado. Participou de congressos de dança de salão e promoveu seis edições do congresso Salão Rio Dança. Como dançarino de salão teve aula com Jaime Arôxa e seus instrutores e também com João Carlos Ramos da Cia. Aérea.


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A primeira parte deste artigo, na edição 90 deste jornal, foi muito compartilhada nas redes sociais. A maioria dos comentários discordantes se referia às senhoras que fazem tudo o que falei (são simpáticas e dançam bem) e, mesmo assim, tomam chá de cadeira.

Conversei com algumas, recebi depoimentos e posso agora falar de cadeira: a culpa não é das damas. Para a situação apresentada por elas, o problema é outro e a solução ainda é um mistério. Do que eu estou falando? Dos bailes de terceira idade no Rio de Janeiro. Neles praticamente inexistem cavalheiros que não sejam dançarinos de aluguel ou professores. Aí não adianta ser simpática com o rosto e, sim, simpática com o bolso. Infelizmente tudo se resume a isso: pagar a um dançarino e ser feliz. É a situação ideal? NÃO! Mas é a solução momentânea (talvez definitiva) para a maioria das damas que hoje estão na terceira idade.
O dançarino de aluguel exerce uma atividade socialmente importante e tem seu lugar no mercado da dança. O problema não é o dançarino de aluguel, mas os “milhares” de dançarinos de aluguel que existem hoje.

Todo mundo sabe que um gafanhoto pode ser discípulo de Kung Fu. Alguns gafanhotos, as crianças acham bonitinhos. Os mais velhos, ao verem gafanhotos,
falam sobre esperança. Mas MILHÕES de gafanhotos, em nuvens de proporções bíblicas, se tornam uma praga devastadora. É o que ocorre hoje com os dançarinos de aluguel: uma praga bíblica nos salões cariocas. Se bem que, em pequena proporção, por baile, não traria problema algum.

Qual a solução? Não sei. O aumento dos dançarinos de aluguel aconteceu de forma gradativa, há uns 20 anos. Eles surgiram para suprir a falta de cavalheiros nos salões. Por desinteresse ou vergonha dos homens em entrar para a dança de salão, pois, de acordo com o IBGE, a proporção de homens e mulheres no Brasil é bem semelhante, com vantagem maior para as mulheres na faixa da terceira idade. Então, com poucos cavalheiros, surgiu espaço para a atividade do dançarino de aluguel. Com o tempo, o problema se agravou. Por quê? Os cavalheiros normais não podiam competir em qualidade de dança com os dançarinos de aluguel, geralmente jovens e, obviamente, profissionais.

Isso intimidou os cavalheiros e fez reduzir ainda mais a quantidade deles nos bailes. Prato cheio para aumentar o número dos de aluguel e assim criar um círculo vicioso que gera mais cavalheiros de aluguel. Ao ponto de atualmente, na maioria dos bailes de terceira idade, quase não ter cavalheiros não profissionais. Ou seja, no caso das senhoras que frequentam os bailes de terceira idade a única solução no momento é pagar. Para mudar isso só com a mudança total da dança de salão, que só existe resistente nos subúrbios cariocas. Na elite da dança temos uma maioria de alunos antigos que querem cada vez mais passos acrobáticos e músicas rápidas. O que assusta quem tenta entrar na dança de salão e faz com que os bailes dessa elite sejam de perfil profissional. Essa elite acaba gerando mais profissionais de aluguel e não mais dançarinos normais em quantidade para grandes bailes de “família”. Com isso a dança de salão perde público, porque forma apenas concorrentes e não dançarinos normais. Mas esse assunto é pro próximo mês.

Senhoras, sejam simpáticas, com o rosto ou com o bolso, dependendo do
baile.




Publicado no jornal Falando de Dança 92 em maio de 2015: http://issuu.com/dancenews/docs/edi____o_92_completa_para_leitura/5

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