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Marco Antonio Perna é analista de sistemas e pesquisador, com mestrado em sistemas e computação. Desde 1997 pesquisa a dança de salão sendo o criador do portal Agenda da Dança de Salão Brasileira que no final do século 20 uniu os dançarinos brasileiros pela internet. É autor do livro "Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira", do livro "Dança de Salão Personagens e Fatos" e já escreveu artigos e textos de danca de salão para os Correios e para jornais de dança como: Dança e Saúde, jornal Dance, Dance News e Falando de Dança. Também escreveu artigo para o livro da coleção "As Melhores Dicas da Dança de Salão", da editora Delprado. Participou de congressos de dança de salão e promoveu seis edições do congresso Salão Rio Dança. Como dançarino de salão teve aula com Jaime Arôxa e seus instrutores e também com João Carlos Ramos da Cia. Aérea.
A estrela das danças brasileiras é, sem nenhuma dúvida, o samba e as suas variantes. Porém, no Brasil existiram muitos outros ritmos que foram essenciais para as músicas de dança em todo o mundo, como o maxixe ou a lambada.
No descobrimento, em 1500, só existiam indígenas no Brasil. Com o passar dos séculos foi colonizado pelos portugueses que introduziram os escravos africanos. Dessa mistura de culturas resultou toda a variedade de ritmos e danças brasileiras. Outras culturas influenciaram em menor escala, como a holandesa, francesa, italiana ou a alemã.
Foi da fusão dos ritmos africanos com a música e dança européia que surgiram os principais gêneros musicais e danças brasileiras, como o Lundu, o Maxixe e o Samba de Gafieira.
Umbigada, o início
Dança originária de Angola e do Congo, trazida pelo escravos, é uma das danças mais antigas executada no Brasil. É realizada, ao ritmo do Batuque africano, formando um círculo de participantes em volta do dançarino(s) solista. O dançarino executa um coreografia sensual e ao convidar o próximo dançarino para entrar no círculo, o faz tocando seu umbigo no dele.
Lundu
Dança de origem Banto, também da Angola e do Congo, descrita como licenciosa e indecente, surge como canção solista brasileira no final do século XVII, se tornando o primeiro grande fruto da fusão cultural brasileira. Em 1792 são publicados os primeiros títulos. No século XIX é tocada e dançada em salões de diversos níveis sociais, se tornando um gênero musical executado por brancos e negros, sem distinção racial.
Maxixe
Primeira dança enlaçada a surgir no Brasil. Surgiu primeiro como dança, no Rio de Janeiro, dançada ao som de polca, mazurca e xótis, só se tornando gênero musical posteriormente, sendo fruto da fusão da polca (andamento) européia, introduzida em meados do século XIX, com o lundu (síncopa) e o tango (rítmica). Foi uma dança considerada imoral e para chegar aos teatros brasileiros e europeus sofreu um processo de "refinamento".
Samba
Surgiu como gênero musical no início do século XX, no Rio de Janeiro, tendo como primeira gravação oficial o samba "Pelo Telefone" de 1917. Foi fruto do maxixe, do lundu e do caldeirão cultural brasileiro. Como dança enlaçada surgiu na década de 1920, denominada samba de salão ou de gafieira. Coincidindo com o declínio do maxixe, atingiu sua definição na década de 1940.
O samba de gafieira difere do samba internacional e do samba de carnaval. O internacional sofreu influências do maxixe e da estilização do mesmo por Fred Astaire no Filme Flying Down to Rio (1933), além do samba caricatural de Carmem Miranda.
Restrito às gafieiras cariocas no período da discoteca e da dance music, ressurgiu para o público com a moda da lambada no final da década de 1980.
Na década de 1990 o samba de gafieira sofreu influência de passos do tango argentino.
As variantes do samba
Samba-canção
Melódico, suave e muitas vezes cantado, às vezes é dançado até como bolero, se o andamento for bem lento, mesmo que o correto seja dançar com passos de samba de gafieira.
Pagode paulista ou sambalanço
Embora não seja uma versão de samba das mais elaboradas, é fácil de dançar devido ao seu andamento lento.
Samba de breque
Caracteriza-se por paradas súbitas (breques) na música, onde são intercaladas frases faladas. Nasceu na década de 1930, no Rio de Janeiro, e é dançado com samba de gafieira, parando-se em cada breque.
Samba-enredo
É o samba feito para os tradicionais desfiles das escolas de samba no carnaval. Não é uma dança enlaçada, nem uma dança de salão. Utiliza-se o samba-no-pé ou miudinho, e possui coreografias elaboradas, como as executadas pelos mestres-salas e porta-bandeiras nos desfiles.
Lambada
Fenômeno comercial de 1989, apesar de já existir anteriormente. Surgiu da fusão de ritmos caribenhos, como o merengue, com o forró e o carimbó brasileiros. Trouxe novo fôlego para a dança de salão brasileira ao chamar a atenção dos jovens pelo seu caráter sensual. Saindo de moda rapidamente, a dança lambada sobrevive atualmente sendo dançada ao som de zouk, música árabe e música cigana, além do próprio gênero musical lambada.
Forró
Termo genérico para diversos ritmos do nordeste brasileiro, como o baião, o xote e o xaxado. Apesar de ser tocado e dançado por migrantes nordestinos há muitas décadas, surge como moda no sudeste brasileiro em 1997, fundindo todas as danças e ritmos nordestinos que o compõe. Incorpora então passos de outras danças de salão do Rio de Janeiro.
Nesse período foi o principal responsável para a atração de jovens para a dança de salão.
O Choro
Surgiu em 1870, no Rio de Janeiro. Inicialmente não se caracteriza como gênero musical, mas pela forma abrasileirada com que os músicos tocavam ritmos estrangeiros, como a polca, o tango e a valsa. Tem como característica principal a improvisação instrumental.
A partir de 1880 o choro populariza-se nos salões e festas dos subúrbios cariocas.
Seus instrumentos originais são o violão, a flauta, o cavaquinho e a clarineta, com o acréscimo do pandeiro na década de 1930, com o surgimento dos conjuntos "regionais".
Extremamente melódico e não possuindo o ritmo bem marcado como no samba, é mais difícil de se dançar. Apesar de já ter sido dançado com uma dança específica para o gênero, atualmente se utiliza samba de gafieira.
Marco Antonio Perna
Publicado em
""As melhores Dicas da Dança de Salão", editora Del Prado."
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