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Marco Antonio Perna é analista de sistemas e pesquisador, com mestrado em sistemas e computação. Desde 1997 pesquisa a dança de salão sendo o criador do portal Agenda da Dança de Salão Brasileira que no final do século 20 uniu os dançarinos brasileiros pela internet. É autor do livro "Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira", do livro "Dança de Salão Personagens e Fatos" e já escreveu artigos e textos de danca de salão para os Correios e para jornais de dança como: Dança e Saúde, jornal Dance, Dance News e Falando de Dança. Também escreveu artigo para o livro da coleção "As Melhores Dicas da Dança de Salão", da editora Delprado. Participou de congressos de dança de salão e promoveu seis edições do congresso Salão Rio Dança. Como dançarino de salão teve aula com Jaime Arôxa e seus instrutores e também com João Carlos Ramos da Cia. Aérea.
Sim e não! No Caribe, onde nasceu o movimento musical intitulado "Zouk", que quer dizer festa em Kreole (dialeto da Martinica que mistura inglês, francês e dialetos africanos), dança-se esse ritmo de uma forma desconhecida para a grande maioria dos brasileiros, lá existe uma dança chamada "Zouk". Aqui no Brasil não se dança o ritmo Zouk da mesma forma que no Caribe, dança-se da mesma forma do ritmo Lambada, só que de forma mais lenta e sensual, mas os passos e movimentos são os mesmos. Logo, não se deve chamar a dança dançada ao som de Zouk no Brasil de Zouk, mas sim de Lambada que é realmente o nome da dança. É comparável com o Bolero que pode-se dançar lentamente e de forma sensual, ou de maneira rápida sem sensualidade, a única diferença seria a velocidade e a forma, mas os passos e movimentos são os mesmos e ninguém chama de outra coisa senão de bolero (estou falando do bolero brasileiro que difere do dançado no exterior). Segundo especialistas em Zouk e Lambada apenas alguns passos são difíceis de executar na Lambada, como o "Cambre" que é fácil de executar ao som do Zouk, mas esse tipo de dificuldade também ocorre em outros ritmos ao se mudar o tempo de execução do passo. Por exemplo, fazer um "cabide" do samba de gafieira ao som de um pagode lento.
Pode-se, é claro, chamar essa nova forma de dançar Lambada ao som de Zouk de uma maneira mais específica como "Lambada Love" ou "Lambada Zouk" ou ainda de "Lambada Francesa", mas o melhor mesmo talvez seja chamar de Lambada. Ah! "Lambada Love" porque o tipo de Zouk que dançamos é o Zouk Love, se não me engano, mas isso já é outra história. A minha opinião é de que a música não é atrelada a um determinado ritmo. É verdade que existe uma tendência de se manter o ritmo da composição original, mas é uma tendência que pode ser mudada. O importante na realidade é pensar na melodia (músicos me perdoem qualquer besteira musical, mas estou falando do ponto de vista de dança de salão, da mesma forma que um navegador se orienta pelas estrelas segundo a teoria geocêntrica, como se a Terra fosse o centro do universo, todos sabemos que nao é, mas funciona maravilhosamente para a navegação, e o enfoque musical que estou tentando dar é exclusivo para a ótica da dança de salão). Como falava, a melodia é a música propriamente dita, onde vai a letra, etc., que pode ser tocada em ritmos diferentes. Exemplo é a música "Madalena" de Ivan Lins que tem versão em samba e versão em salsa. E também a música "Maria" cantada por Rick Martin, em ritmo de Merengue, Zouk e dance latino, não me lembro bem. Por outro lado uma determinada dança não impõe necessariamente um ritmo, como no caso da dança lambada que pode ser dançada ao som de lambada ou de zouk. Lembram-se que falei que no Caribe não se dança zouk como lambada? E a única diferença é na velocidade, como explanado anteriormente.
O Soltinho é outro exemplo de dança em que se pode dançar vários ritmos como o Rock, Jive, Swing, Fox, Bolero rápido, etc. Até em salsa tem gente que coloca muita coisa de soltinho. Podemos afirmar que o soltinho já é uma dança genuinamente nacional, oriunda da fusão dessas d anças citadas. O que quero dizer é que devemos dançar sempre o mais correto possível, os ritmos com suas determinadas d anças, mas isso não é uma regra universal e há distinção entre ritmo e dança.
Do ponto de vista melódico, em pouquíssimos lugares se ensinam a dançar na melodia, dependendo muito mais da sensibilidade nata do dançarino. Ao se dançar na melodia, suaviza-se os movimentos, muitas vezes colocando sensualidade. O tempo de cada passo muda de acordo com a melodia e ele não precisa ficar atado ao ritmo. As danças que propiciam dançar na melodia são o bolero e o soltinho. Qualquer outra dança também permite, como o samba e a salsa, porém nesses casos específicos fica um pouco mais difícil por essas danças serem rítmicas por excelência, mas apenas um pouco, vai depender da sensibilidade do dançarino. Uma das grandes diferenças da Lambada e da Lambada Zouk é justamente a possibilidade de se dançar a lambada zouk dentro da melodia muito mais facilmente, o que facilita a sensualidade.
Uma curiosidade da Lambada é que ela atualmente é muito pouco dançada em sua cidade natal, Porto Seguro, na Bahia. No Rio ela resiste bravamente na Ilha dos Pescadores, e esporadicamente no Caribe Zouk Love do meu amigo Aníbal Feifer. Como dançarino e professor posso citar o Lu s Fernado de Sant'Ana que todo mundo na Ilha conhece. Recentemente, em junho, foi feita uma reportagem no JB online (na internet) específica sobre o Zouk (Lambada) que ainda pode ser achada na página do Jornal do Brasil na internet (www.jb.com.br), na seção Musicalidade/Teia Musical/Arquivo. Outra curiosidade é que recentemente descobri pela internet que existe uma lambadeira na Austrália (brasileira residente lá), mas o mais espantoso foi saber que existe um reduto de lambada em plena Buenos Aires, que resiste firmemente como a nossa Ilha dos Pescadores.
Agosto de 1998
Marco Antonio Perna
publicado no jornal Dance News.
PS1. (25.01.2014): Com relação a Porto Seguro ser a "cidade natal" da lambada, na época já se sabia que a lambada tinha surgido no Norte e Nordeste brasileiro, e que em várias cidades de lá, dançavam-se estilos diferentes. Porto Seguro foi a cidade natal do estilo de lambada que o Rio de Janeiro seguiu e ajudou a difundir. Em 1998 era natural falar isso sem que fosse necessário explicar.
PS2. (25.01.2014): Bolero brasileiro é o Bolero Carioca, mas na época eu ainda não tinha dado esse nome.
PS3. (25.01.2014): Publiquei esse artigo com essas alterações e mais atualizado no meu livro "Samba de Gafieira". Qualquer referência a este artigo é melhor que se faça na versão publicado no livro.
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